Ele engolia a dor
todos os dias.
Sem mastigar,
deixava ela cair,
mas não a digeriu.
Tampouco expeliu:
por fezes ou vômito,
quer eufemismos?
Não é possível.
Pôde ser sutil
apenas quando
se escondia dentro de si.
Com medo da vida,
esgueirou-se
pelos cantos escuros
do próprio medo
de coisa nenhuma.
E depois, ninguém sabe,
se morreu de câncer
ou se virou poesia.