Embevecido pela descrença
de ver brotar uma nova plantinha
naquela terra árida e sem chuva,
o sertão de meu coração
agora sente o cheiro do dilúvio
distante e inequívoco.
E é uma tulipa vermelha
a germinar nesta vastidão.
Não tem os espinhos das rosas
mas imensidão de rochas,
se dificultam, ou milagre assemelha,
é impossível mensurar em vão.
Alugam os ouvidos dos mestres
artesãos do tempo, sim, os profetas
das caatingas profundas.
Advinhadores da colheita e
colhedores dos cantos dos sabiás
que habitam a bio-diversidade da minha alma.
Ambos cantam meus poros,
insanam as impossibilidades
da discórdia racional-positiva...
A semente cai, rola entre a fresta
repartida do solo seco,
germina com a brisa do vento q traz a água
e acaba por dar vida
àquela tulipa:
dos cabelos vermelhos
ao semblante lívido
das texturas delicadas
ao temperamento raro.
floresce uma inesperada gael:
tênue floema, perene rochasa.
- O Funâmbulo Trôpego -